terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

não ter; amor.

Acredito que o que me prende é a falta, amar é não ter certeza de que a tenho, é ter a dúvida de que já a tive. O que me prende é a distancia, é o tempo sem, é o fragmento de cada pensamento duvidoso, é o será.
Tudo o que carrego é resultado do que deixo de ganhar, e tenho medo de ganhar e perder tudo o que sinto, e de sentir tudo o que já não serve, tudo o que vai desfazer o que existe aqui. Nasce da perda a vontade, ou da possibilidade de perder, a qualquer hora, qualquer momento.
É sempre a dúvida que sustenta o que sinto.
Talvez eu ame a falta, porque é nela que idealizo, e a ideia pode sempre ser perfeita, feita pra mim, com todas as coisas que posso criar, só não crio a possibilidade de tê-la comigo, pelo menos não em presença, mas isso é outra história.
O que cabe é sempre o que não quero, e o que quero parece sempre não caber, se contradiz o peito e a mente, parece nunca confluir, uma discrepancia só.
Se não houver sal nos olhos de tempos em tempos, nunca será amor.

Improduto

Improdutivo se torna o coração disprovido de amor, desprende-se da alma servindo somente ao corpo com suas batidas sem sentido. Mesmo que rejeitado se faz muito menos pior o que guarda um amor, mesmo que mal resolvido tem-se um norte, uma falta coerente, consciência do que não se tem. O que não sabe o que amar apenas vaga perdido sem fundamento ou razão, não existe solução alguma aparente, não há nada a ser feito por não saber pra onde se deve ir, a não ser que esse coração ame, a não ser que ele se alimente de alguma paixão.
Talvez a solução seja amar tudo o que se tem a volta, ou odiar, pois todo ódio carrega consigo amor a seu inverso, independe de vontade ou escolha, parece sina não saber amar, mesmo que fosse errado valeria, não doeria mais do que não saber quem é que falta.
Foge da mente os pensamentos levando consigos os sonhos que habitaram esse peito já sem compasso, se esvai todo o brilho de tudo que se põe aos olhos foscos que sequer lacrimejam, o nublado do céu que infinda em nuvens cincentas num lençol maior do que alcança a visão ou a fé, estatiza, não gira, não anda, o mundo do que não voa, no que não sonha, do que não AMA.