quinta-feira, 15 de abril de 2010

'Rotulancia'

Todos os dias me deparo com a complexa indagação de quem sou, o que de verdade há aqui dentro de mim, me pergunto sobre as coisas que só minha alma talvez saiba me responder, e o contato direto com ela é totalmente intuitivo mesmo sendo uma unidade nós, seriam dois de mim ao mesmo tempo que um? ou um que se divide para ter quem culpar?
Essas perguntas que não chegam a lugar nenhum crescem numa parte aqui dentro onde não tenho controle, mas que tem importancia significativa em todas as minhas ações e decisões, a complexibilidade de simplesmente pensar e logo existir não me deixa desapegar dos 'porques' de tudo a minha volta.
Hoje nem eu mesmo sei quem sou, então como outros podem saber? Julgar simplesmente é anular as relações internas do indivíduo e pensar nas futilidades que chegam a nós, futilidades essas que todos temos em comum, independente de quais sejam, elas existem e fazem com que nos recriem como não somos, e com que recriamos o proximo como ele não é. Cada um é pra nós o que queremos e esperamos que seja, e essa relação de entendimento do outro é totalmente individual e alienada de forma material, pois o que vemos, absorvemos, e dizemos entender, é simplesmente traduzido numa ideia criada por nós, fazendo assim que todos a nossa volta sejam um pouco de nós mesmos, logo convivemos a todo momento com o que somos, mesmo sem saber quem somos na essência.
Não sei responder minhas proprias perguntas citadas no inicio, mas busco isso, e sei que chegarei a conclusões com o tempo, conclusões que talvez não servirão pra nada, mas que eu terei o conforto de ter alcançado. Vivo em busca de satisfações proprias, onde tudo independe de somente eu, mesmo havendo quem diga que não, sempre me sinto incompleto de alguma forma por não entender meu cotidiano, sinto falta de alguém que eu almenos sei quem é, sinto impotencia emocional em não dividir coisas que precisam sair de mim, para que voltem em atos recíprocos, não como simples barganha, mas sim como inter-relação natural de bons sentimentos, procuro coisas que nem sei o que realmente são, e espero das pessoas coisas que queria que esperassem de mim, não sei até que ponto isso é bom ou ruim, mas acontece involuntariamente. Talvez eu procuro a mim mesmo e não sei onde estou.
Me sinto extremamente rotulado sempre, onde o nome, a aparencia, a maneira física de agir, designa o que sou aos olhos comuns, claro que não deixo de ser o que todos vêem, mas muito acima disso existe o fato de que o que verdadeiramente sou, e quero que entendam está muito além dos olhos, é tudo pra mim questão de essência que sempre é distorcida por atos isolados visiveis, e não se pode ser compreendida na real verdade por não existir forma de sentirem o que sinto, de sonharem meus sonhos, ou tomarem minhas crenças, não podem entender minha formação psicosocial e minha designação de valores interiores, e por isso me sinto mal com os rótulos que criam de mim, mesmo sendo bons ou ruins, pois nem eu sei realmente o que sou, hoje me sinto mais Rafa do que nunca, e é simplesmente isso que sou, algo vago que inexoravelmente se faz completo e indispensável, como existir, e respirar.


Verdadeiramente, grifos do que sinto ser hoje.

Um comentário:

  1. É bom saber que, em um mundo como o de hoje, nem todos se limitam. Adorei o texto!

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